terça-feira, setembro 20, 2005

manhã cálida

(mais uma vez as palavras nascem na madrugada amiga)

manhã cálida
penumbra de ser algo
por trás das nuvens escuras

a casa protege-nos da chuva
mas mesmo assim
a chuva atravessa-nos

chove-nos na alma
seca-nos de tédio
aperta-se-nos o peito
e precipitamo-nos
em folhas suicidas
das margens de nós
para o rio

partimos
talvez um dia
este rio nos traga
talvez um dia
este rio nos trague

quiçá amanhã
a noite nasça
em nova alquimia

quiçá voamos
como fomos
como folhas

quiçá voltamos
ao vau do rio
berço e caminho

blandino

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