Chamem-me pardal
Não me faz mal
Não me assusto
Por não ter poleiro
Não há milho puro
Como o primeiro
Chamem-me palhaço
Alargo o passo
Não me envergonho
Atrás do pássaro
A nado o voo
Segue-me o rastro
Chamem-me cigarra
Não me desgarra
Nunca me calo
Canto vou danço
Trilho à formiga
Carreiro e ralo
Chamem-me cigano
Eu não me engano
Á luz da guitarra
Ao som da fogueira
Mordo a costela
Vadia que tenho
Chamem-me burro
Eu não me empurro
Entre fardo e fado
A estrela me guia
Do vosso colo
Ao cu do celeiro
Chamem-me criança
Não me descansa
Poder e dinheiro
na morte os vereis
um pardal velho
a rir-se ao espelho
Joaquim Castro Caldas
sexta-feira, julho 29, 2005
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